sexta-feira, 21 de agosto de 2009

O Sol e a Lua

© 2009 Vinnicius Silva da Rosa


O gaúcho chegou a cavalo parando próximo ao galpão. O sol avermelhado desenhava as árvores nas paredes toscas. Lá dentro, a roda de chimarrão já animava o final do dia. Muitos assuntos causaram risadas, mas um estrondo assustador estremeceu as telhas do recanto. Rostos assustados se cruzaram. Todos correram para fora ver o estava acontecendo. Bem próximo, ao lado da porteira que dava acesso ao local, estava um círculo de metal brilhante parcialmente enterrado na terra. Todos se aproximaram, tocaram no objeto, mas não conseguiram identificá-lo.
Momentos depois, lá de dentro do galpão, um pequeno gauchinho de três anos de idade correu desajeitado e apontou com o dedinho para um determinado ponto do objeto. Todos convergiram os olhares e notaram uma lua nova desenhada em relevo.
Quando o sol se escondeu totalmente por detrás dos montes sutis do horizonte, a lua do círculo começou a brilhar intensamente. Ao redor dela, muitas estrelas começaram a surgir, como se todos estivessem olhando para o céu. O gauchinho começou a pular e a puxar a camiseta de uma senhora apontando para o escuro. Ouviram outro barulho. E mais outro.
Olharam para trás e viram a porta de madeira do sótão batendo com muita força. O menino riu. O círculo era um lago e o cavalo continuava a relinchar tranqüilo.

domingo, 9 de agosto de 2009

O Inverso

© 2009 Vinnicius Silva da Rosa

O inverso
Do continuar e do belo
Asas que levam o pássaro
A voar sobre os rios

As montanhas
Dos ventos gelados
Dos pássaros admirados
Que continuam a voar

Os raios de luz
Vermelhos e bravos
Explodem nos céus
E derrubam os pássaros

No inverso do céu
Não se pode voar
Aquecem-se os ventos
E a chuva no ar.

sábado, 1 de agosto de 2009

As Chamas

© 2009 Vinnicius Silva

Estão colocando fogo no passado. O homem ficou branco, perdeu o nariz e morreu. As praias começaram a sumir. Eu já não tenho mais paciência para jogar vídeo game. A fumaça da chama das memórias desenha no céu os filmes, as frases, as músicas que hoje não vejo mais. O cheiro do passado se espalhou pelo ar. Não consigo mais respirar. O mundo virou uma fumaça. Fuligens das coisas ruins caem na grama verde, e o passado se dissolve nos ares da atualidade. Ninguém entende o porquê desta fatalidade. É apenas a chama do furuto.

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(c) 2006-2012 Vinnicius Silva