segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

O Mestre e o Aprendiz

© 2006-2008 Vinnicius Silva da Rosa.


No meio do bosque, o guerreiro treinava golpes com a espada. Seu mestre, bem ao longe, observava a dedicação do seu aprendiz. Era dia e o céu estava limpo.

O mestre foi até ele entregar a nova espada. A tão sonhada espada. O aprendiz ficou extremamente feliz, ergueu a arma pesada e brilhante aos céus e gritou: “Independência ou morte!”. Seu mestre, desconfiado da loucura do aprendiz, arrancou a espada de sua mão e disse: “Vou lhe dar uma sova e uns belos sopapos nessa sua cara de basbaque!”.

O aprendiz saiu correndo de medo e deu de cara com uma árvore. Seu mestre levou a espada embora praguejando: “Perdi meu tempo ensinando esse retardado!”.

No caminho, ele foi assaltado por dois marginais que levaram sua espada.

O mestre morava na vila e o aprendiz no mundo da lua.

sábado, 20 de dezembro de 2008

Uma Nova Vida


© 2008 Vinnicius Silva da Rosa


No último dia

De primavera

Ele descobriu

Quem ele era


No último dia

De primavera

Nunca mais

Ficaria na espera


Queria Correr

Queria Lutar

Perseguia um sonho

Mas queria voltar


No último dia

De primavera

O sol começou a brilhar

Como nunca havia brilhado


Estava indo pra longe

Deixando tudo de lado

Seguindo novos caminhos

Num dia ensolarado.

sábado, 29 de novembro de 2008

Uma História de Mistério.




© 2008 Vinnicius Silva da Rosa


A janela aberta do quarto dava as boas vindas aos mosquitos. O ventilador tentava refrescar as idéias de João, e a lâmpada do quarto iluminava suas fracas idéias. Ele tentava, incansavelmente, escrever uma história. Uma história de mistério. Já estava pronta na sua memória, mas ela teimava em não se apresentar para o mundo. João recostou-se na cadeira, olhou para a janela e se levantou. Foi até ela.

Debruçou-se sobre a janela e observou o mar liso daquela noite. O vento havia se escondido atrás das montanhas. Mas ele resolveu dar a volta. O forte vento explodiu a porta do corredor. As cortinas começaram a enlouquecer, e João voltou para dentro. Deixou que aquele ar frio vindo lá de fora melhorasse o ambiente. Logo, fechou a janela. Foi até a escrivaninha e viu que as folhas estavam espalhadas pelo chão. Juntou uma a uma e as colocou sobre a mesa. Espantou-se. A história estava escrita. Era um mistério.


sábado, 15 de novembro de 2008

Verde


© Vinnicius Silva da Rosa


A menina caminhava na grama molhada, observando os passarinhos e as borboletas voarem para o infinito. O sol fazia a grama brilhar. Foi até a beirada do monte para observar o mar.

Jogou-se.

Lançou-se ao vento, acariciando o seu reflexo na água. Mergulhou em suas vontades. Nadou por entre as pedras, com os peixes nadou.

Seus cabelos molhados emergiram na outra margem. Ela olhou para trás e sorriu. Aquele céu de anil se uniu com a água azul. E o sol se destacou no pôr-do-sol. A pequena menina foi embora.

Sua aldeia, sua família, sua inocência... Permaneceram com ela, voando para o infinito.

domingo, 12 de outubro de 2008

Tempestade

© 2008 Vinnicius Silva da Rosa


O vento forte fazia as janelas dos prédios vizinhos baterem e sacolas plásticas voarem por entre os gigantescos edifícios comerciais da cidade e os cachorros latirem desesperadamente. O ar quente anunciava uma tempestade que estava por vir. Pessoas caminhavam em todas as direções como num formigueiro. Comerciantes fechavam as suas portas de metal um após o outro, como se fosse uma coreografia ensaiada. Senhoras caminhavam apressadamente com suas compras do início do mês. Chegou. A chuva caiu como uma pedra. Guarda-chuvas se abriram, formando um tapete preto pelas ruas da cidade, com exceção de um pontinho cor-de-rosa, carregado por uma menina que voltava da escola. Em instantes, as ruas estavam praticamente vazias. Lá no alto, estava eu. Na janela do hotel. Preocupado. Assustado com o medo que as pessoas têm de si mesmas. Ainda sem saber que o mundo continuaria, que a tempestade iria embora, que o sol brilharia novamente para a menina voltar da escola feliz, que os comerciantes sorririam cifrões e que eu voltaria para casa.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Nexo quebrado.

© 2008 Vinnicius Silva da Rosa


Sem nexo. O reflexo no espelho do maluco estava quebrado. Uma pedra, jogada no chão, enfeitava o piso gelado. Ele se olhava no espelho rachado. Buscou uma fita para tentar recompor a sua imagem, mas a pedra já havia sido jogada. Uma batida pesada deu-se na porta. Era o seu camarada, tentando salva-lo. O maluco estava louco. Naquele inverno, sem meia, o maluco caminhava no quarto. Estava quebrado. Tudo estava quebrado. Mas o que quebrou em seguida foi a porta, arrombada pelo seu camarada. Sim, um amigo de infância do maluco. Os dois começaram a brigar pela pedra, jogada no chão. O camarada queria impedir que o maluco quebrasse a imagem de sua amizade. Ele estava louco, não sabia que o seu amigo estava ali. O seu reflexo estava cortado.

A pedra foi jogada pela janela. Lá fora, uma cadela foi atingida. Coitada, ela não era alimentada pelo maluco há dias e agora estava para morrer. Sim, por uma pedrada. Coitada. O camarada saiu do quarto, deixando o maluco ali, caído... Quebrado. Coitado.

O camarada, então, quebrou a amizade. Ele não conseguia encontrar um nexo em tudo. Bem feliz, ele foi pra casa jogar vídeo game.

FIM

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Sede por dinheiro.


© 2008 Vinnicius Silva da Rosa


João desceu do carro, fechou a porta e ficou escorado enquanto esperava o tempo passar. Do bolso, retirou um bilhete com o endereço e o horário do encontro. Ele era metódico, sempre revisava suas próprias anotações. Não gostava de errar. Ele estava ali para cobrar um dinheiro.

Ele era sedento por dinheiro.

Cinco minutos depois, do outro lado da rua, José apareceu e acenou. João atravessou a rua, o cumprimentou e seguiu caminhando ao seu lado pela calçada.

Era um dia frio, com muito vento, mas a conversa começou a esquentar, ficar tensa. José não parecia querer pagar João. Mas no final tudo deu certo. João deu um soco em José e resolveu o seu problema. João pôde comprar, então, uma Coca-cola.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Miragem

© 2008 Vinnicius Silva da Rosa


Um andarilho caminhava perdido pelo deserto. Ele estava com sede, cansado... Depois de várias horas de caminhada, resolveu parar para descansar. Ao olhar para o horizonte, avistou uma pirâmide de vidro, mas pensou que fosse apenas uma miragem. Continuou caminhando na areia quente, quando de repente pisou em algo estranho. Era um baú enterrado. Curioso, ele cavou em volta e o retirou dali. Dentro, estava um bilhete antigo que informava sobre uma pirâmide de vidro, no meio do deserto. O bilhete continha mais algumas frases do outro lado, mas ele não estava conseguindo ler, pois estava muito cansado. Então ele caminhou na direção do misterioso objeto, construção ou qualquer coisa que aquilo pudesse ser. O sol se escondeu, o deserto escureceu e esfriou, mas a pirâmide continuou brilhando, com uma luz verde-clara muito forte no seu interior.

O andarilho tocou na parede de vidro da pirâmide e ela se abriu no chão, revelando a luz que ainda brilhava lá dentro. Ele estava exausto, então acabou adormecendo ali.

Ele acordou com os primeiros raios de sol, mas a pirâmide havia sumido. Ele não pôde descobrir o que era aquilo. O bilhete havia se perdido na areia.


quarta-feira, 25 de junho de 2008

O Mundo é doido?

© 2008 Vinnicius Silva da Rosa


Preste atenção quando você está saindo de casa. Você vê um felino subindo uma árvore assustado atrás de um rato? Eu nunca vi um rato subir em árvores. Rato come folha? O mundo é doido. Se ratos possuíssem asas, os felinos desceriam das árvores correndo de medo. Será que as árvores sentem dor quando os felinos cravam as garras para subir? Se sentissem dor gritariam. Uma árvore com bocas?! Se uma árvore tivesse boca, deveria ser carnívora para não comer a si mesma! Não, espere aí! Nós não somos vegetarianos! Alguns são. De fato, muitas pessoas comem as outras. Quando os europeus chegaram ao Brasil se depararam com nativos canibais. Existiam felinos no Brasil? Sim? Não? E ratos? Os europeus são doidos. Vieram lá dos cafundós, com suas máquinas de madeira, arrastando-se sobre as águas doidas do mundo. O mundo corre como uma correnteza doida. Os gatos não gostam de água! Então eles não são doidos! Será que eu sou doido? Só sei que vivemos numa bola, parecida com um novelo de lá. Nossa! Os felinos gostam de brincar com lá! Eles brincam com o mundo! Eu também brinco. Eu sou gatinho? Ou eu sou doido?

segunda-feira, 26 de maio de 2008

O que é real? O que é irreal?


© 2008 Vinnicius Silva da Rosa

Muitas pessoas se perguntam: Deus existe? Se pensarmos nas coisas que acontecem na nossa vida, nas coisas que fizemos ou que deixamos de fazer, nos nossos medos, nos nossos sucessos, podemos chegar a várias conclusões. Dependendo da nossa crença ou fé, as conclusões variam muito. Podemos acreditar que Deus fez todo um mal para nos fazer um bem no final de tudo, ou, se nós formos ateus, acreditar que isso acontece apenas por acontecer. Recentemente, um filme chamado “Quem Somos Nós?” retrata esse tema de uma forma muito inteligente e coerente, baseando-se em opiniões e teorias de estudiosos. O filme passa a informação com argumentos baseados em teorias, leis comprovadas da física, química e biologia e evidências de que Deus é cada um de nós, pois temos a capacidade de mudar o universo que gira à nossa volta.

Nós é que criamos Deus, ou seja, nós criamos o nosso próprio mundo de acordo com as nossas escolhas.

Nós somos o que queremos ser.

Mas como vencer os nossos medos? Será que queremos ter medo? Por que não conseguimos realizar o que queremos? Será que nós queremos o que queremos?

O que é real? O que é irreal?

Você escolhe.

domingo, 16 de março de 2008

Vermelho e Branco

© 2008 Vinnicius Silva da Rosa

As pombas não gostam de maçã. A menina, sentada no banquinho da praça, comia uma maçã enquanto observava pombas que dominavam a cidade. Naquela idade, ela ainda gostava de brincar, correr, pular... Se ela pudesse voar, não seria uma pomba. Porque pombas não gostam de maçã. A maçã é vermelha, as pombas são brancas. Sangue e paz. A menina segurava a maçã, vermelha. As pombas voavam. As pombas se aproximaram, quando a menina jogou um pedaço de maçã no chão. Mas as pombas não queriam aquela fruta. Finalmente, a menina entendeu. As Pombas não gostam de maçã. A Paz não gosta do vermelho. O sangue não representa a paz. Por que a menina não pode voar?

Inspirado na frase criada por Jessica: “As Pombas não gostam de maçã”.




segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

O Chamado



© 2008 Vinnicius Silva da Rosa

A pessoa chamou alguém, e os três amigos foram até a cabana. Eles não sabiam do que se tratava. Eles percorreram um longo caminho, atravessando o país inteiro para aquele momento. A porta de madeira antiga e desgastada se abriu e eles foram chamados por uma velha senhora. Todos entraram, a senhora encaminhou os amigos até uma sala, fechou a porta e eles se dirigiram para a pessoa. Com cabelos longos até o chão, ela levitava há um metro do chão. Uma luz azulada envolvia todos naquele momento como se fosse uma chama. A pessoa abriu os braços e os deixou assim por cerca de um minuto. Os três amigos não sabiam se deveriam dizer alguma coisa, então ficaram esperando a pessoa pronunciar alguma palavra. Um dos amigos resolveu sair, ele não estava entendendo nada. Os outros o seguiram. Mas eles não conseguiram, pois a porta estava trancada. Um clima estranho e assustador começou a se manifestar naquela pequena sala. A luz azulada fazia os olhos dos amigos arderem.
De repente, a pessoa baixou os braços, desceu e encostou os pés no chão. Ela caminhou alguns passos até os três amigos e disse:

- Então?

Eles continuaram sem entender.

- Vocês não percebem? – A pessoa continuou.

Os três amigos se olharam e novamente foram em direção à porta. Um deles voltou até a pessoa enquanto os outros dois tentavam abrir a porta. Ele olhou nos olhos dela e perguntou:

- O que você quer, afinal?

A pessoa derrubou uma lágrima no chão e respondeu:

- Um abraço.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Gábi

© 2008 Vinnicius Silva da Rosa

Ao olhar para o céu
Vi uma menina bela
Não era só uma estrela
Era Gabriela.

Camila



© 2008 Vinnicius Silva da Rosa

Camila
Onde tu estás?
Menina perdida
Que ficou pra trás

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

No Chão

Desenho: Gábi

© 2008 Vinnicius Silva da Rosa

A vida é um tédio

Não nos diverte

Vou pular do prédio

E ficar inerte


segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Lixo

© 2008 Vinnicius Silva da Rosa

A cidade onde eu moro é boa, mas possui alguns problemas técnicos. Quais? Um deles é a sujeira que se encontra facilmente no meio das ruas. Espere aí! A população é a culpada! Só agora eu entendi! Como é que eu não havia notado? Não são problemas técnicos, mas humanos. Ou os homens estariam passando por problemas técnicos?

Não sei. Só sei que o meu computador está com problemas, não entendo nada de computadores, vou jogar essa máquina fora.

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(c) 2006-2012 Vinnicius Silva