sábado, 18 de dezembro de 2010

A perfeição.


© 2010 Vinnicius Silva da Rosa

Sabe quando você conhece alguém por acaso? Quando você vai a um evento qualquer, ou simplesmente andar pela cidade. Você esbarra no acaso. Você passa por alguém. Aí os olhares se encontram. Pensamentos se conectam mesmo sem saber. Então, você pensa na outra pessoa, sem saber que essa outra está pensando em você. Mas por que você pensaria nessa pessoa? Foi só um olhar... Não sei. Talvez você nunca mais a encontre. Talvez você reencontre essa pessoa por acaso. Talvez você procure aquele olhar novamente. Mas é certo que aquele momento foi único, simples e perfeito.



segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Dia do Aviador.




Hoje eu resolvi escrever um texto diferente. Tive a oportunidade de tirar fotos com alguns dos melhores pilotos do planeta poucos minutos antes da apresentação. Os integrantes do EDA (Esquadrão de Demonstração Aérea) da Força Aérea Brasileira, também conhecida por “Esquadrilha da Fumaça”. A humildade e respeito pelo público mostram o porquê do sucesso desse grupo. A proposta da apresentação é demonstrar a capacidade tecnológica do país na área e mostrar que a Força Aérea é feita de homens comuns que trabalham com amor e dedicação para fazer o Brasil crescer. Sob uma chuva leve e céu escuro, a esquadrilha brilhou no céu e se apresentou de forma impecável, como sempre. Sinto-me orgulhoso de fazer parte dessa Força. Infelizmente não como piloto (eu bem que tentei ir para a Academia), mas como controlador de tráfego aéreo. No final, cumprimentei o número quatro e elogiei o show. Ele disse obrigado, com as mãos um pouco trêmulas pelo esforço físico e mental que a apresentação exige dos pilotos.

Brasil.

sábado, 2 de outubro de 2010

A bandeira e a Mochila



© 2010 Vinnicius Silva da Rosa


Cravar uma bandeira no chão e ficar estagnado num local faz parte da vida de muitas vidas. Uma mochila nas costas, o horizonte e a estrada fazem parte de outra parte. Quando alguém se transporta para outro lugar, onde tudo é novo e diferente, a vida se reinicia. Para uma parte dessas pessoas a vida passada permanece viva. Mas para outra, essa parte não importa. Passou.

Existem aqueles que carregam a bandeira na mão, a mochila nas costas e o passado no coração. Caminham pela estrada olhando para o horizonte sem medo. Certamente, estes um dia voltarão. Porque o amor da vida passada fica sempre cravado no coração.



sábado, 25 de setembro de 2010

Porca Miséria!


© 2010 Vinnicius Silva da Rosa

Os porcos sentaram-se à mesa e começaram a comer. Pingos de saliva voavam para todos os lados, e a dona da casa arregalou os olhos levantando-se:

- Parem!

O grito ensurdecedor da mulher fez com que todos engolissem pedras. Um fiapo de macarrão ainda queria entrar na boca fechada de um dos animais.

- Eu vou trazer mais comida, podem comer! – Disse a velha.




sábado, 28 de agosto de 2010

A bordo da Vida




© Vinnicius Silva da Rosa


Encare a tempestade

Atravessando o oceano de lágrimas

Navegue para o futuro

A bordo da vida


Reme

Mesmo sem forças

Deixando a correnteza

Apresentar-lhe novas terras


Ilhas solitárias

No meio de lágrimas

Deixadas por outros barcos

Em outras vidas


Deixe o vento levar

O barco sem medo

Para onde ele quiser

Para o desconhecido.


Encare a tempestade

Procure um abrigo

Navegue ainda que solitário

Em busca do desconhecido.


sábado, 17 de julho de 2010

O Brilho dos Olhos



© 2010 Vinnicius Silva da Rosa

O motociclista, perseguindo o pôr-do-sol, acelerou pelas estradas altas da serra. Curvas e mais curvas apareciam pelo caminho. Mas o Sol venceu. As luzes das cidades brilharam, lá embaixo, parecendo ser o reflexo das estrelas. E, na estrada, ele desviou das estrelas que vinham ao encontro dele em sentido contrário. Quando ele chegou, viu o brilho das estrelas nos olhos daquela bela menina.



domingo, 2 de maio de 2010

O Sol



© 2010 Vinnicius Silva


Uma pequena abertura por entre as árvores que circundavam o lago fez acordar o velho morador daquele lugar. Sua casa fora construída em cima de uma árvore ao lado do lago e há muitos anos o velho senhor morava ali.

Com muita fome, ele desceu, pegou sua bicicleta e foi para a cidade em busca de comida. Estacionou sua bicicleta num poste em frente a uma lanchonete e esperou por alguma generosidade. Alguns minutos se passaram e o dono do estabelecimento ofereceu um pequeno pedaço de sanduíche.

O Velho senhor voltou para casa, já no final do dia. Estava de barriga cheia, mas ainda sentia sede.

O sol amarelado do final da tarde infiltrou-se pelas árvores e coloriu o lago. O Velho senhor, então, bebeu o suco de laranja que o sol lhe estava oferecendo.

sábado, 6 de março de 2010

Rotina

© 2009 Vinnicius Silva da Rosa



James desligou o carro e respirou fundo, cansado. O som da porta do seu carro se abrindo assustou o silêncio da garagem do prédio. Foi até o elevador, entrou e apertou o botão do seu andar. Segundos depois, seu telefone tocou. Ele estava tão exausto que não tinha nem vontade de levar a mão ao bolso para atendê-lo. Mas obedeceu aos gritos do aparelho:

- Alô?

Silêncio...

- Quem está falando? – insistiu.

A porta do elevador se abriu e ele desligou o telefone. Andou pelo corredor e ouviu, lá de dentro de seu apartamento, o som do telefone sendo jogado no gancho com raiva.

Sua esposa estava irritada, reclamando descontroladamente do atraso. Ele esperou ela desabafar, olhou em seus olhos e não disse uma palavra. Apenas demonstrou um olhar de nada.

No dia seguinte, ele acordou bem cedo como de costume. No entanto, não tão cedo quanto ela, que precisava acordar antes para chegar a tempo no trabalho.

O dia passou, cansativo como sempre, e, novamente no final do dia, James estacionou seu carro no prédio.

“E o mundo gira imóvel como um pião” – Mario Quintana.



sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Cavalo-eletron


© 2010 Vinnicius Silva


Quando se anda na rua, é fácil ver cenas estranhas. A velha gritou lá de dentro do bar e correu para fora. Ela começou a chutar uma lixeira de metal sem parar na calçada. As pessoas que estavam passando por perto ficaram horrorizadas: como poderia um cavalo andar na avenida mais movimentada da cidade? Sim, perto da lixeira passou um cavalo branco, mas que era preto, em direção à praça. Os carros desviavam rapidamente. O cavalo conseguiu chegar à praça sem ser atropelado. A lixeira caiu no chão. O dono do bar gritou com a velha. O cavalo começou a correr em volta da praça sem parar no sentido anti-horário. As pessoas da praça começaram a tirar fotos do cavalo. Horas depois, o cavalo-elétron cansou. O pobre animal deitou-se no meio da praça e adormeceu. A multidão se juntou para vê-lo. Não era um cavalo, era um veículo muito velho. Era um lixo. Rodou muito e parou. O carro subiu na praça e derrubou o chafariz. O motorista saiu da lata velha e falou: vou ao bar tomar uma cachaça.

FIM


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(c) 2006-2012 Vinnicius Silva