sábado, 26 de setembro de 2009

Amor e Amizade


© 2009 Vinnicius Silva da Rosa

O sol espiou pela janela acordando-o. Os pássaros batiam as asas rodeando a casa da árvore, procurando por alimento. Era um dia feliz para todos, mas para ele o céu limpo estava nublado. Tudo para ele estava ao contrário. Estava esperando que o amor viesse até ele.

Desceu da árvore pela escada improvisada e foi até o lago próximo. Lavou o rosto, respirou fundo e olhou para as montanhas ao longe. As folhas secas depositadas na grama estalavam de dor quando ele caminhava. Para ele, o som parecia ser do seu corpo se desfazendo. Sem forças para subir novamente a escada, sentou-se próximo à árvore e começou a observar a região. Os montes azulados ao fundo, o lago que espelhava os pinheiros do outro lado, a pequena cidade próxima com sua singela, mas imponente cruz da igreja.

Subitamente, ele sentiu alguém tocando no seu ombro. Olhou para trás, mas não viu quem esperava. Era seu amigo de infância que estava muito preocupado.

- E aí, cara. Está melhor?

Com pouca vontade esboçou um sorriso de canto de boca dizendo:

- Estou sim.

O amigo sentou-se ao seu lado e ficou em silêncio, esperando por alguma manifestação otimista. O tempo começou a mudar, nuvens pesadas surgiram nos céus, ventos fizeram tornados com as folhas e a fotografia da região se acinzentou. Seu amigo então falou:

- Está começando a chover, preciso ir para casa. Vê se melhora, está bem? Vou para lá ver como te ajudar. Talvez você precise ficar sozinho, só por agora. Vou ver o que posso fazer por você.

E o amigo foi embora correndo.

A chuva pesada já caía como pedra, mas ele ainda permanecia imóvel sentado ao lado da árvore. Já não sentia mais seu corpo, o frio estava intenso e ele não tinha forças mais para nada. Alguns minutos mais tarde, outra vez, alguém tocou no seu ombro.

Ele sorriu, deu a mão e subiu para sua casa com ela. Lembrou que existia um amigo que o amava, que existia sua família, que tinha uma vida inteira pela frente para sorrir. Ele deu as mãos para a felicidade e o céu novamente se abriu. Ele era amado, só precisou esperar e acreditar no amor e na amizade.



domingo, 6 de setembro de 2009

Amar, cuidar...

© 2009 Vinnicius Silva da Rosa

A menina se aproximou da imponente porta da igreja, fez seu ritual e entrou. Procurou um bom local para se sentar. As paredes cobertas de ouro e as imagens religiosas faziam o silêncio ecoar. Mas, pouco tempo depois, um latido simpático de um cãozinho chamou a atenção até mesmo dos santos que estavam ali há muitos anos olhando para o nada. A menina olhou para trás e viu o pequeno animalzinho correr feliz por entre os bancos. O pequeno animal latia tranqüilo chamando a sua dona, uma velha senhora, para se sentar próxima à menina. A senhora ali então se sentou e fechou os olhos para orar. O cachorrinho pulou no colo da menina e balançou o rabinho faceiro. A velha senhora interrompeu sua oração, olhou para a menina e falou carinhosamente:

- Querida menina. Eu não posso mais cuidar do meu pequeno animalzinho. Você é uma boa menina, de uma boa alma. Eu sinto isso. Quero que você cuide dele para mim.

- Eu amo os animais! Mas a senhora tem certeza?

A senhora sorriu e fechou os olhos novamente e para sempre.

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