domingo, 12 de outubro de 2008

Tempestade

© 2008 Vinnicius Silva da Rosa


O vento forte fazia as janelas dos prédios vizinhos baterem e sacolas plásticas voarem por entre os gigantescos edifícios comerciais da cidade e os cachorros latirem desesperadamente. O ar quente anunciava uma tempestade que estava por vir. Pessoas caminhavam em todas as direções como num formigueiro. Comerciantes fechavam as suas portas de metal um após o outro, como se fosse uma coreografia ensaiada. Senhoras caminhavam apressadamente com suas compras do início do mês. Chegou. A chuva caiu como uma pedra. Guarda-chuvas se abriram, formando um tapete preto pelas ruas da cidade, com exceção de um pontinho cor-de-rosa, carregado por uma menina que voltava da escola. Em instantes, as ruas estavam praticamente vazias. Lá no alto, estava eu. Na janela do hotel. Preocupado. Assustado com o medo que as pessoas têm de si mesmas. Ainda sem saber que o mundo continuaria, que a tempestade iria embora, que o sol brilharia novamente para a menina voltar da escola feliz, que os comerciantes sorririam cifrões e que eu voltaria para casa.

2 comentários:

Unknown disse...

Nossa... Você escreve bem, viu? Adorei seu texto, muito massa!!! As comparações, as metáforas... Muito bom mesmo. Parabéns!!!

P. disse...

Pura coincidência, lia seu texto enquanto ouvia uma música instrumental de uma filme francês, foi incrível! Haha, parabéns!

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